Há 27 anos, Brasil conquistava a medalha de ouro no Pan-Americano de Havana


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Queda do Muro de Berlim e falta de apoio econômico dos países do bloco comunista, principalmente a União Soviética. O ano de 1991 não estava fácil para Cuba. Mas, apesar das dificuldades, o país da América Central se empenhou na realização dos Jogos Pan-Americanos em agosto daquele ano. E foi coroado por um ótimo desempenho dos seus atletas, desbancando os americanos do topo do quadro de medalhas (por total de ouros). Mas, para o esporte brasileiro, o que marcou os Jogos de Havana foi a reverência do presidente Fidel Castro às duas maiores jogadoras da história do basquete do Brasil, a Rainha Hortência e Magic Paula, após a derrota de Cuba na final por 97 a 76.

"No pódio, durante a entrega das medalhas, o Fidel chamou a mim e a Hortência de (bruxas), mas a vitória foi de toda a equipe. Ele era mais um incentivo a favor delas. Foi muito gentil da parte dele descer de seu camarote para parabenizar nossa equipe. Só deu mais valor ao nosso título", disse Paula. Segundo Hortência, Fidel Castro chegou a brincar que não entregaria as medalhas, pois as duas jogadoras brasileiras teriam trapaceado já que estariam com miras-laser e não erravam os alvos.

Além de Hortência e Paula, a Seleção Brasileira da técnica Maria Helena Cardoso contava em seu elenco com o apoio de outras grandes jogadoras, com destaque para Janeth, que, mesmo jovem, já vinha se destacando, e Marta. O Brasil fez uma campanha perfeita nos Jogos de Havana. Venceu os Estados Unidos na estreia e depois passou por Canadá, Cuba, Argentina e novamente Canadá, desta vez na semifinal. Na briga pelo ouro, voltou a vencer as cubanas.

"Chegamos invictas na final para enfrentar Cuba, uma das melhores seleções do mundo, e que contava com o apoio de 15 mil torcedores no ginásio de Havana. Mas o nosso grupo estava unido e consciente de que tínhamos condições de vencer e conquistar a medalha de ouro. E foi o que aconteceu. Fizemos uma bela partida, jogando coletivamente, e ganhamos por 21 pontos de diferença", lembrou Paula.

A partir da conquista do ouro em Havana, a Seleção Brasileira Feminina iniciou uma trajetória de glórias. Até a equipe brilhar diante de Fidel Castro, o Brasil nunca havia disputado os Jogos Olímpicos. Em Mundiais, o país tinha a medalha de bronze obtida em São Paulo, em 1971. Depois do sucesso no Pan, a Seleção foi campeã mundial na Austrália, em 1994, prata na Olimpíada de Atlanta, nos Estados Unidos, em 1996, e bronze nos Jogos de Sydney, na Austrália, em 2000.

"Foi a primeira vitória importante da equipe e marcou a arrancada de uma geração inteira. A figura do Fidel marcou para o Brasil todo. Afinal de contas tínhamos acabado de vencer a equipe dele. Independente de posições políticas, ele foi um grande líder", disse Hortência. "Apesar de depois termos vencido um Mundial e conquistado uma prata olímpica, essa medalha de ouro no Pan teve uma repercussão maior por tudo que envolveu", afirmou Paula.

Adriana Aparecida dos Santos (12), Ana Lúcia Mota (7), Hortência de Fátima Marcari (133), Janeth dos Santos Arcain (87), Joycenara Baptista (7), Maria Paula Gonçalves da Silva (110), Marta de Souza Sobral (92), Nádia Bento Lima (24), Roseli do Carmo Gustavo (5), Ruth Roberta de Souza (23), Simone Pontello (9) e Vânia Hernandes de Souza (9). Técnica: Maria Helena Cardoso.

Brasil 87 x 84 Estados Unidos

Brasil 74 x 66 Canadá

Brasil 90 x 87 Cuba

Brasil 83 x 56 Argentina

Brasil 87 x 78 Canadá (semifinal)

Brasil 97 x 76 Cuba (final)

1º- Brasil; 2º- Cuba; 3º- Estados Unidos; 4º- Canadá; 5º- Argentina.

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